CONHEÇA OS PRINCIPAIS SINTOMAS
HEMATOLOGIA CLÍNICA
ANEMIA
Anemia é a condição na qual o conteúdo de hemoglobina no sangue está abaixo do normal como resultado da carência de um ou mais nutrientes essenciais. As anemias podem ser causadas por deficiência de ferro, zinco, vitamina B12 e proteínas. Porém, a anemia causada por deficiência de ferro, denominada Anemia Ferropriva, é muito mais comum que as demais (estima-se que corresponda a 90% das anemias). O ferro é um nutriente essencial para a vida e atua principalmente na síntese (fabricação) das células vermelhas do sangue e no transporte do oxigênio para todas as células do corpo.
As anemias hereditárias geralmente se relacionam a alterações genéticas na fabricação do glóbulo vermelho – seja da membrana que dá forma ao glóbulo vermelho, seja das substâncias que estão em seu interior – hemoglobina e proteínas (enzimas). Neste grupo de anemias hereditárias temos algumas causas comuns em nossa população como as talassemias, comuns em indivíduos com ascendência italiana, portuguesa e libanesa; ou ainda a anemia falciforme, mais comum em indivíduos com ascendência africana.
As anemias adquiridas podem acontecer por carência de nutrientes, por alterações na medula óssea (leucemias ou síndrome mielodisplásica) ou ainda por outra doença que leva a anemia por outros mecanismos (anemia hemolítica, doenças reumatológicas, infectocontagiosas, insuficiência renal crônica ou alterações de tireoide).
Glóbulos brancos
ALTERAÇÕES DOS NEUTRÓFILOS
Neutropenia é uma diminuição do número de neutrófilos sanguíneos, células de defesa que protegem o organismo contra partículas estranhas e micro-organismos invasores. Por isso uma pessoa com neutropenia tem mais chances de ter infecções causadas por bactérias ou fungos. A neutropenia pode ser classificada de acordo com a contagem de neutrófilos e o risco de infecção: leve (1.000 a 1.500/μL); moderada (500 a 1.000/μL); e grave (< 500/μL). Geralmente, as causas da neutropenia estão relacionadas com infecções bacterianas, tratamentos com certos medicamentos, neoplasias e deficiência de vitamina B12 ou de ácido fólico, por exemplo. Além disso, os neutrófilos podem também diminuir devido a uma dificuldade da medula óssea em produzir essas células e até por ocorrer destruição dessas células na circulação sanguínea.
Neutrofilia é quando a quantidade de neutrófilos está alta no sangue. Muitas condições diferentes podem causar neutrofilia, desde variações normais que acontecem em certas épocas da vida do indivíduo até infecções, inflamações, sangramentos, alguns tipos de neoplasias e o uso de algumas medicações.
ALTERAÇÕES NAS PLAQUETAS
Plaquetopenia ou trombocitopenia é a diminuição do número de plaquetas no sangue, situação que prejudica a coagulação, e pode causar sintomas como manchas roxas ou avermelhadas na pele, sangramento nas gengivas ou pelo nariz, e urina avermelhada, por exemplo. Os valores de referência das plaquetas são de 150.000 a 400.000/mm³. As plaquetas são componentes essenciais do sangue para a coagulação, facilitando a cicatrização de feridas e impedindo hemorragias, e existem diversas causas para a sua redução, dentre elas infecções, gestação, uso de medicamentos, doenças relacionadas com a imunidade, como púrpura trombocitopênica, e neoplasias. Não somente a contagem das plaquetas é importante, mas também a sua qualidade, como a Síndrome de Bernard-Soulier. O tratamento desta situação deve ser feito conforme a sua causa, pelo hematologista, podendo ser necessário apenas o controle da causa, uso de medicamentos ou a transfusão de plaquetas.
Trombocitose é o aumento do número de plaquetas no sangue. Quanto à origem, pode ser reativa/secundária ou primária (também denominada essencial, provocada por doença mieloproliferativa). Entre as causas secundárias temos principalmente processos transitórios, que incluem perda de sangue, recuperação de trombocitopenia, pós-esplenectomia, infecção aguda ou processos inflamatórios e resposta ao exercício. Apesar de frequentemente ser assintomática, o aumento do número de plaquetas pode provocar uma predisposição para a trombose.
TROMBOFILIA
A trombofilia acontece quando a pessoa tem maior facilidade para formar coágulos de sangue, aumentando o risco de complicações como trombose venosa, Acidente Vascular Encefálico (AVE) ou embolia pulmonar, por exemplo. Assim, pessoas com esta condição normalmente apresentam inchaço no corpo, inflamação das pernas ou sensação de falta de ar.
Os coágulos formados pela trombofilia surgem porque as enzimas do sangue, que fazem a coagulação, deixam de funcionar corretamente. Isso pode acontecer devido a causas hereditárias, pela genética, ou acontecer por causas adquiridas ao longo da vida, como por gravidez, obesidade ou neoplasia, e as chances também podem aumentar pelo uso de medicamentos, como anticoncepcionais orais.
A investigação para trombofilia é iniciada quando há antecedente pessoal ou familiar próximo de trombose, no caso de abortos de repetição anteriores ou ainda quando acontece a perda do bebê no segundo ou no terceiro trimestre da gestação, sem explicação.
O tratamento para a trombofilia é feito com cuidados para se evitar quadros de trombose, como evitar ficar muito tempo parado em viagens, tomar medicamentos anticoagulantes durante uma internação ou após cirurgia, e principalmente, controlando doenças que aumentam o risco de coágulos, como pressão alta, diabetes e obesidade, por exemplo. Apenas em casos de doença grave, é indicado o uso contínuo de medicamentos anticoagulantes. Entretanto, quando a pessoa já tem sintomas de trombofilia, trombose venosa profunda ou embolia pulmonar, é recomendado o uso de medicamentos anticoagulantes orais por alguns meses, como Heparina, Varfarina ou Rivaroxabana, por exemplo. Para grávidas, o tratamento é feito com anticoagulante injetável.
HEMOCROMATOSE
A hemocromatose é uma doença que provoca o excesso de ferro no organismo, podendo haver acúmulo deste mineral em diversos órgãos do corpo, e o surgimento de complicações como cirrose do fígado, diabetes, escurecimento da pele, insuficiência cardíaca, dores nas articulações ou disfunção das glândulas sexuais, por exemplo.
Esta doença pode ser hereditária, principal causa da doença, que acontece devido a mutações nos genes responsáveis pela absorção de ferro no trato digestivo, que passam a ser absorvidos em grande quantidade; ou secundária/adquirida que ocorre em pessoas com hemoglobinopatias, em que a destruição dos glóbulos vermelhos liberam grandes quantidades de ferro na corrente sanguínea; e pessoas que recebem transfusões sanguíneas repetidas.
O tratamento para hemocromatose é indicado pelo hematologista, com a realização de flebotomias, que são retiradas periódicas de sangue para que o ferro depositado seja transferido para os novos glóbulos vermelhos que o organismo produzir. Outra opção é o uso de remédios quelantes do ferro, como Deferasirox.