ESTRANHA PROFISSÃO É A DE MÉDICO
Dele se pede toda a sensibilidade que um ser humano pode abrigar.
Para que entenda a linguagem da dor, da angústia, do medo, da desesperança e do sofrimento.
Para que fale com a alma de seus pacientes.
Para que transforme tênues fímbrias de esperança no lenho ardente da vontade de viver.
De pessoa assim tão rica de sentimentos se pede, paradoxalmente, o mais frio domínio das emoções.
Para que um franzir de cenhos ou um arquear de boca não semeiem, no espírito do paciente, dúvidas e opressões.
Para que o tremer da mão não imprima, ao bisturi, o erro milimétrico que separa a vida da morte.
Para que o marejar dos olhos não o prive da clareza meridiana que se pede ao diagnosticista.
Para que o embargo da voz não roube credulidade à sua mensagem de fé.
SEMPRE ME PAREÇEU DIFÍCIL REUNIR, NUM MESMO INDIVÍDUO, TÃO NOBRE TEXTURA E TÃO RUDE COURAÇA.
Professor Dr. Mario Rigatto